Agradeço ao Ir:. Elias Mansur Neto, pela sua participação aqui em nosso blog, nos trazendo sempre de modo brilhante e esclarecedor a sua sabedoria em torno da Maçonaria Universal e a sua história.
Com vários livros publicados o nosso Ir:.Elias Mansur Neto é um dos maiores escritores Maçônicos de nosso Pais.
Ir:. Elias
Mansur Neto
Loja Maçônica
Cavaleiros Templários
Belo
Horizonte MG
SUPREMO CONCÍLIO DA IGREJA
PRESBITERIANA DO BRASIL APROVA RESOLUÇÃO CONTRA A MAÇONARIA EM SUA XXXVI
REUNIÃO ORDINÁRIA.
Elias Mansur Neto
Parece que o conflito entre a Maçonaria e a Igreja Católica está ficando
mesmo no passado. Agora é a vez da Igreja Presbiteriana.
O jornal BRASIL PRESBITERIANO, de agosto de 2006, publicou em seu número
623, de agosto de 2006, uma resolução do Concilio da Igreja Presbiteriana
do Brasil(SC/IPB) contra a Maçonaria nos
seguintes termos:
Tal resolução provocou protestos tanto por parte da Maçonaria quanto da
parte dos membros em comunhão da Igreja Presbiteriana do Brasil.
Os membros da igreja que protestaram, publicaram um documento onde denunciam e argumentam os equívocos contidos
na resolução anteriormente mencionado.
Outro setores da Igreja Presbiteriana também protestaram, e, a propósito, o Reverendo
Wilson Ferreira de S. Neto, Pastor da Igreja Presbiteriana do
Brasil, Bacharel em Teologia e Mestre em Ciências da Religião pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo-SP, escreveu o artigo
intitulado A RELAÇÃO ENTRE A IGREJA PRESBITERIANA E A MAÇONARIA NO BRASIL, que
transcrevemos a seguir:
“Ao
se tomar conhecimento da trajetória da Maçonaria, pode-se perceber que ela está
e sempre esteve presente na maior parte dos acontecimentos históricos. Talvez a
Revolução Francesa venha a ser o exemplo mais destacado, uma vez que os ideais
de Igualdade, Liberdade e Fraternidade eram comuns aos revolucionários e aos
maçons.
Além disso, tendo por objetivo unir todas as religiões
do mundo, a Maçonaria entra em conflito com a Igreja Católica, e, como
resultado deste conflito, surge o primeiro documento a estabelecer o
distanciamento entre as duas instituições: a Constituição Apostólica (Bula
Papal) In eminenti apostolatus specula,
do Papa Clemente XII (1730-1740), datada de 28 de abril de 1738, que afirma em
parte de seu texto:
Por isto
proibimos seriamente, e em virtude da Santa obediência, a todos e a cada um dos
fiéis de Jesus Cristo, de qualquer estado, grau, condição, classe, dignidade e
preeminência, que sejam laicos ou clérigos, seculares ou regulares, ainda os
que mereçam uma menção particular, ousar ou presumir sobre qualquer pretexto,
[...] entrar nas ditas sociedades de francos-maçons ou as chamadas de outra
maneira. (COLUSSI,
2002, p.13)
Esta Bula Papal foi suficiente para difundir uma imagem
e um conceito subversivos a respeito da Maçonaria, fato que ocorre até os dias
atuais.
O presente artigo não visa defender e nem atacar os
maçons e simpatizantes da Sublime Ordem,
mas promover um pouco mais de conhecimento a todos os que se interessam pelo
assunto e mostrar que a Maçonaria, com a proposta de unir os homens e as
religiões, contribuiu para o avanço e fixação de um ramo do Cristianismo em
solo brasileiro: o Presbiterianismo.
Desta forma, amparados em fontes secundárias,
abordaremos a “Relação entre Maçonaria e Presbiterianismo”, apresentando
algumas das várias formas em que, amigavelmente, a Maçonaria contribuiu para a
inclusão desta tradição reformada no Brasil do século XIX.
Sabe-se que a Maçonaria tem por objetivo levar adiante
o seu lema: Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Assim, propomo-nos a
apresentar neste artigo alguns fatos históricos que comprovam a relação
amigável entre a Maçonaria e o Presbiterianismo neste Brasil do século XIX.
Ao analisarmos o trabalho presbiteriano em solo
brasileiro, sem dúvida alguma, não podemos desconsiderar a relação e a
contribuição que a Maçonaria ofereceu para a inclusão do Presbiterianismo no
Brasil. Em carta datada de 03.02.2007, endereçada ao presbítero Athos Vieira de
Andrade, o pastor presbiteriano Waldyr Carvalho Luz diz:
[...]
forçoso me é reconhecer que a maçonaria deu aos pregadores, nos primórdios da
Igreja Presbiteriana do Brasil, preciosa cobertura e apoio, quando forte era a
oposição e hostilidade por parte da Igreja dominante e das autoridades adversas
(apud, ANDRADE, s/d, p. 22).
Esta contribuição tornou-se bastante estreita, e não
passou desapercebida ao clero católico da época, que se opôs à inclusão das
novas religiões – no caso, o Presbiterianismo – em solo brasileiro.
Quando o primeiro pastor presbiteriano Ashebel
Green Simonton (1833-1867) chegou ao
Brasil, em 12 de agosto de 1859, encontrou, na província de São Paulo, cerca de
700 alemães protestantes. Com a preocupação de reuni-los, Simonton procura um
salão para a prática de trabalhos religiosos, porém sem sucesso. Chega a
negociar o salão da Loja Maçônica Amizade.
Mas, por dificuldades financeiras, desiste de usar o local. Porém, os maçons
paulistas insistem para que Simonton continue a realizar os trabalhos
religiosos, e oferecem a ele o salão da Loja gratuitamente. Andrade, citando a
obra de Descartes de Souza Teixeira, faz o seguinte relato:
[...] .Estudos e
pesquisas recentes, revelando a história da mais antiga das Lojas Maçônicas da
cidade de São Paulo, “AMIZADE”, realizados por José Catellani e Cláudio
Ferreira, permitiram extrair preciosa informação sobre os cultos dos
protestantes em São Paulo. A Ata da Sessão da Loja, datada de 15 de maio de
1858, contém a seguinte informação, aqui destacada “in verbis”:
“...O
tronco de propostas produziu uma peça de arquitetura propondo que se empreste,
para os domingos, aos nossos irmãos Protestantes, para celebrarem os atos de
sua religião, as salas externas deste Templo. Requerida e concedida foi a
proposta aprovada... e dando a palavra a bem da ordem em Geral e da Loja, o Ir.
H. Schroeder agradece à Loja o empréstimo das salas aos nossos IIr.
Protestantes, ao que respondeu o Ir. Venerável...”.
“...O
episódio em si mesmo é testemunho exemplar da convivência fraterna existente
entre os maçons e protestantes da época. É especialmente revelador denominar os
“Irmãos Protestantes”. A Loja, além de contar com vários clérigos católicos,
conforme o registro de Catellani, contava com “Irmãos Protestantes” também.
Esse relacionamento estendeu-se por longo tempo, atravessando mesmo o período
inicial da República. Os maçons prosseguiram oferecendo apoio à expansão do
protestantismo no Brasil. Pastores e leigos, protestantes (presbiterianos e
episcopais) integravam muitas Lojas Maçônicas” (apud, ANDRADE, 2004, pp. 55-56).
Através do registro acima, vemos a Maçonaria se
relacionando de forma amigável e contribuindo para a inclusão do
Presbiterianismo, cedendo seu salão para a realização das reuniões religiosas
dos presbiterianos. Além deste episódio, outros fatos da História oferecem
informações sobre o relacionamento entre Maçonaria e Presbiterianismo.
Um dos grandes nomes que aqui citamos, e que fez parte
do quadro de pastores da Igreja Presbiteriana, é o de Miguel Rizzo Júnior,
filho de imigrantes italianos, que chegou ao Brasil ainda adolescente. Por
volta de 1880, o missionário Rev. John Boyle (1845-1892) chega à cidade de
Cajuru, onde encontra forte oposição, por parte do catolicismo, para
desenvolver seu trabalho religioso. Por onde quer que passasse, o Rev. Boyle
não teria sucesso, pois o padre da cidade proibiu o povo de dar ouvidos,
atender ou se comunicar com “um certo pregador visitante”. Com medo das
advertências, a população obedeceu e ignorou o
Rev. Boyle.
Porém, o Rev.
Boyle encontra o maçom Miguel Rizzo, que lhe deu toda a atenção. E este maçom
cedeu-lhe seu auditório para a realização dos serviços presbiterianos. Esta
amigável acolhida resultou na conversão do maçom ao presbiterianismo, que,
posteriormente, viria a se tornar o respeitável Pastor Presbiteriano Miguel
Rizzo Júnior.
O estado do Paraná também é palco do histórico
relacionamento entre a Maçonaria e o Presbiterianismo. Guarapuava foi o local
das pregações Presbiterianas realizadas pelo Rev. Roberto Lenington (1833-
1903), em maio de 1886. Estas pregações eram realizadas na casa do maçom
Francisco de Paula Pletz. Mais uma vez, vemos o presbiterianismo iniciando na
casa de um maçom.
Mas a contribuição da Maçonaria não para aí. A relação
que a Maçonaria desenvolveu com o Presbiterianismo foi além do que imaginamos.
Dois anos após a organização da Igreja Presbiteriana de Guarapuava, as
instalações locais se encontravam em péssimas condições. Observando o que se passava,
o maçom e membro da igreja Francisco de Paula Pletz encaminha solicitação à Loja Maçônica Philantropia Guarapuavana
para o uso de suas dependências com fins religiosos. A igreja é atendida.
Em Minas Gerais, a cidade de Cabo Verde, especialmente,
nos apresenta a relação e a contribuição que a Maçonaria amigavelmente
realizou. A Loja Maçônica, Aug. Resp. e
Sub. Loj. Deus e Caridade contribuiu e presenciou a instalação do
Presbiterianismo naquela cidade. Em 20 de agosto de 1870, chega a Cabo Verde o
missionário presbiteriano Rev. Jonh Boyle. A Loja acompanhou as dificuldades
enfrentadas pelo pastor missionário, e não fugiu à sua responsabilidade,
cedendo uma sala para a realização das reuniões presbiterianas.
Conclusão
Gostaríamos
de citar aqui todos os fatos, mas não o faremos para que o curioso espírito de
pesquisa seja despertado no leitor. Entretanto, cremos que os relatos aqui
expostos já são suficientes para demonstrar que a maçonaria se relaciona muito
bem com instituições religiosas. E, de acordo com o que pudemos pesquisar,
observamos que tanto a Igreja Presbiteriana como a Maçonaria se relacionam para
o desenvolvimento das religiões cristãs em solo brasileiro.
Desta forma, baseados na história, podemos afirmar que
a Maçonaria foi a grande amiga e a grande auxiliadora das novas ideias,
inclusive religiosas, sobretudo quando a Igreja Presbiteriana se viu perseguida
pela Igreja Romana”
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