Bode

Adormecido

Aos homens livres e de Bons Costumes

O INUSITADO CONVITE.


Um irmão maçom me contou:
Era uma tarde de domingo, eu estava em casa descansando, me preparando para a segunda-feira, quando bateram à minha porta.
Abri, e para minha surpresa ali estava um amigo que eu conhecia, fazia um bom tempo.
Estendi a mão e o cumprimentei, senti um toque estranho, porém, não correspondi, até porque nem sabia como fazer.
Convidei-o para entrar e iniciamos uma conversa que, de minha parte eu continuava achando estranho, pois apesar de amigos, colegas de trabalho que fomos, agora a gente se via de vez em quando, e ele sempre me fazia perguntas, - se eu acreditava em Deus, sobre o meu trabalho, a minha família, enfim, parecia que estava me examinando.
Agora, ali sentado à minha frente, me falou:
João, vim te fazer um convite!
Concordei, com a cabeça, fazendo um sinal afirmativo, e disse, - tomara que seja algo bom, realmente me deixastes bastante curioso.
Então, ele me perguntou, - primeiramente, gostaria de saber, o quê achas da Maçonaria?
Senti um friozinho na barriga, eu já tinha ouvido tantas estórias, como as que os maçons fazem um pacto com o diabo, tomam sangue de bode, e tantas outras coisas ruins.
Pensando rapidamente, me veio à mente, as atitudes do amigo que me perguntava isto.
Puxa vida, nunca o vi fazendo coisas desabonadoras da sua conduta, sempre educado, gentil, tranquilo, bom pai, - como poderia ser alguém que tivesse entregue a alma para o diabo?
Então falei, - sei muito pouco, mas se tu és maçom, pelo que conheço de ti, apesar do que dizem de negativo por aí, creio que estás me fazendo um bom convite.
O José, hoje meu irmão e padrinho, me olhando nos olhos me perguntou, - aceitas o meu convite para que te tornes meu irmão?
Respondi com firmeza, sim!
Algo me tocou o meu espírito, a minha mente, o meu coração.
Não sei até que ponto a minha curiosidade influenciou na minha decisão.
Após todos os trâmites, as visitas em minha casa e a concordância da minha esposa, finalmente, foi marcado o dia da minha Iniciação.
Dia inesquecível, marcante, para toda a minha vida.
Passei por tantas provas, tantas dificuldades, no escuro do desconhecido, vozes que me incentivavam, mãos que me conduziam, momentos de solidão, que me levaram a pensar será que esqueceram de mim, aqui neste estranho lugar?
Fui desafiado a provar minha coragem!
E, finalizando me disse, - lembrei da afirmação do general e cônsul romano Júlio César que, após uma brilhante vitória proclamou: Vini Vidi Vici! (Vim, vi, venci)
Eu vim, não vi, o escuro me impediu, mas venci, quando ouvi, - a Luz seja dada ao neófito!
E concluiu, - hoje sei, não fossem as virtudes do meu padrinho José, eu nunca não teria aceito o convite.
Ouvindo a história do irmão João, faço uma reflexão:
Ser maçom é uma grande responsabilidade!
Todos sabemos que existem profanos, aqueles, - que estão fora do Templo, que imaginam ser a Maçonaria capaz de lhes proporcionar apenas riquezas materiais, e movidos pela ganância fazem qualquer sacrifício para ingressar na Arte Real.
Estes, se desiludem rapidamente.
Não permanecem porque não entendem a grande diferença!
Só o trabalho bem feito, o aprendizado consciente através do estudo, da frequência em Loja, do amor pela vida, por todas as coisas criadas por Deus; - da humildade capaz de esquecer os seus feitos e suas conquistas lá fora, no mundo de onde proveio é que poderá realmente alcançar o conhecimento, e, pelo conhecimento chegar sempre, permanentemente, se aproximar sempre, até à Sabedoria que é Infinita prodigalizada pelo Grande Arquiteto do Universo.
Concluo que, apesar de todos os cuidados que possamos ter, sempre corremos o risco de convidar pessoas erradas.
Porém, correremos menos riscos, - se os nossos exemplos forem dignos, estiverem à altura, daquilo que a Maçonaria Universal, realmente representa!

Ir.'. Orlei Figueiredo Caldas 33 º 
















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