Bode

Adormecido

Aos homens livres e de Bons Costumes

RAÍZES PROFUNDAS DA HOMOFOBIA RUSSA



O IRMÃO MAÇOM ELIAS MANSUR NETO 
TRADUZIU A PUBLICAÇÃO  DE ALEXEI BAYER*   CONTIDO  NO
THE MOSCOW TIMES, EDIÇÃO DE 01/07/2013 ,  NOS BRINDANDO  
COM MAIS  UM EXCELENTE ARTIGO.

Os 70 anos de socialismo/comunismo praticado na Rússia deixaram muitos efeitos colaterais. Não foi somente a supressão da Liberdade e a perda de poder aquisitivo da população, mas também, impingiu o sofrimento psicológico que destrói o homem como pessoa.
Em artigo publicado no Jornal The Moscow Times, em julho de 2013, ALEXEI BAYER analisa, em profundidade, as causas da HOMOFOBIA RUSSA.
LEIA O ARTIGO;

 RAIZES PROFUNDAS DA HOMOFOBIA RUSSA.
Por Alexei Bayer*
 The Moscow Times, edição de 01/07/2013

Alguns anos atrás eu estava em São Francisco, Califórnia, com um grupo de funcionários públicos e de empresários moscovitas. Eram pessoas de alto poder aquisitivo e muito viajados, que admiravam os pontos turísticos com dignidade e moderação. O nosso guia nos levou ao bairro Castro onde a maioria dos residentes são Gays, e então, eles subitamente se transformaram. Riam, assobiavam, tiravam fotos e apontavam os dedos para casais do mesmo sexo como se fossem animados alunos da primeira série durante a sua primeira aula de anatomia, com uma mistura de fascínio e repulsa. Com certeza não eram pessoas em paz com sua sexualidade.
Na verdade, muitos escritores têm afirmado que a Rússia é um país de cultura predominantemente feminina. As mulheres russas são frequentemente retratadas como fortes e dominadoras - tanto do ponto de vista negativo, como a tirânica Kabanikha, na peça de Alexander Ostrovsky“ A TEMPESTADE”, bem como, de forma positiva, como no hino de Nikolai Nekrasov dedicado à mulher russa, que supostamente pode parar um cavalo a galope e entrar em uma casa em chamas.
 Os homens russos, por outro lado, tendem estar aquém e exibir uma variedade de deficiências, tais como medo da autoridade e predileção por beber. Este é um problema comum nas sociedades oprimidas, onde os homens fortes, responsáveis e que tem respeito próprio são vistos pelas autoridades como uma ameaça. O padrão vigente é de mulheres fortes e de homens fracos - uma inversão dos papéis "tradicionais" – que também tem sido observado em outras culturas oprimidas, como a dos irlandeses e Afro-Americanos.
 Durante a era soviética, a situação era muito pior. O sistema foi especialmente concebido para identificar e eliminar os homens fortes e honrados. Eles muitas vezes estavam ausentes fisicamente por causa de guerras, expurgos e prisões, e, os que permaneciam eram muitas vezes inúteis como maridos e pais. Várias gerações de russos foram lideradas e bem conduzidas principalmente por mães e avós.
A educação por fêmeas, sem um forte modelo masculino, foi identificada por alguns psiquiatras como causas de tendências homossexuais entre homens. E em sociedades onde os homens são poucos e não muito atraentes, e onde as mulheres estão em maioria em relação a população masculina, como em quartéis e até mesmo em prisões, relações lésbicas são comuns. BalladeerYuzAleshkovsky, ele próprio quando esteve preso compôs uma canção sobre presas lésbicas.
A homofobia russa se tornou uma obsessão, como os terríveis pogroms, com a conivência de agentes da lei e estimulada por leis homo fóbicas aprovadas pela Duma (Parlamento Russo). Ou seja, na Rússia a homofobia está de acordo com o significado original da palavra: ódio às próprias tendências homossexuais.
E ainda há os presídios, os quais guardaram um grande número de russos, e que durante o período soviético tiveram uma forte influência sobre a sociedade, a cultura, a língua, as atitudes e os costumes. Dadas as suas condições de cão-comer-cão, é fácil tirar a falsa conclusão de que a prisão é uma espécie de campo de provas, onde "homens de verdade" sobrevivem e saem por cima.
Nada poderia estar mais longe da verdade. Um homem de verdade na sociedade civilizada é aquele que toma suas próprias decisões, vive a vida em seus próprios termos, não é dependente dos outros e pode ser o provedor de sua família. Os presidiários falham em todos os aspectos. Sua comunidade é primitiva, juvenil, viciosa, uma tribo só de homens, algo como "O Senhor das Moscas" de William Golding. A prisão é um terreno fértil para as relações homoeróticas e estupro homossexual, refrata e aumenta a homofobia generalizada de auto ódio na sociedade russa. Não surpreendentemente, a homossexualidade nas prisões está rodeada por uma variedade de rituais primitivos, quase tribais, estratificadas e cercadas por tabus inquebráveis que transformam a classe de homossexuais passivos, literalmente, em intocáveis.

Hoje, a sociedade russa está se tornando cada vez mais parecida com a dos presídios. Elites estabelecidas consistindo de siloviki, burocratas altamente colocados e seus filhos - como "ladrões dentro da lei", ou membros da fraternidade criminal - estão autorizados a fazer qualquer coisa: roubar, aceitar suborno, desviar dinheiro no exterior, dirigir bêbado e matar os russos comuns em travessias de pedestres. O caso Sergei Magnitsky, em que um grupo de funcionários públicos roubou US $ 230 milhões de dólares do Estado russo e, em seguida, prendeu e matou Magnitsky, um advogado que descobriu o crime deles, é uma perfeita ilustração desta ordem social criminalizada. E agora, com a legislação anti-gay da Duma, o tratamento dispensado aos homossexuais nas prisões está sendo transplantado para a sociedade. Mas, novamente, de volta aos tempos da União Soviética, os presos ironicamente estão chamando o mundo fora dos muros da prisão "bolshaya Zona", ou o Grande Acampamento.

Enquanto isso, outra coisa aconteceu. A comunidade de Gays e Lésbicas, supostamente nascida da fraqueza e colapso dos "valores tradicionais", mudou tudo isso em sua cabeça. Na Rússia, gays e lésbicas se tornaram os mais corajosos e os mais fortes entre a covardia e apatia generalizada do resto da população, marchando em paradas de orgulho gay, apesar de tomar socos de criminosos fascistas na cabeça e golpes de cassetetes da polícia. Em um país que está afundando em degradação moral, onde orfanatos estão cheios de crianças abandonadas e padres que usam relógios suíços caríssimos e possuem automóveis de luxo, gays e lésbicas lutam pelo seu direito de amar uns aos outros, e de estarem comprometidos com o outro, para se casarem e educar seus filhos.

 De muitas maneiras, os gays e lésbicas russos se encontram na mesma situação em que os judeus soviéticos se encontravam na década de 1970, quando costumavam ser ridicularizados por serem fracos e covardes, mas que, levantando-se contra Estado soviético e exigindo o direito de emigrar, deram inicio a um processo que levou ao colapso o sistema soviético
*Alexei Bayer é um moscovita nativo que vive em Nova Iorque, onde trabalha como economista.


 Leia mais : http://www.themoscowtimes.com/opinion/article/deep-roots-of-russian-homophobia/482505.html#ixzz2XvZm9VLZ

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